Aos Domingos recebo sempre uma visita especial. Chegado o final da manhã, ela chega com o seu andar repenicado, a sua saia travada e o seu colar que varia da pérola ao plástico. Traz sempre um tacho cheio de sopa e umas laranjinhas. Às vezes também tem um plasticozinho com uma carne assada e gosta de me deixar uma notinha na gaveta do aparador. Deixa-as lá e nem me diz nada. No dia seguinte ao telefone costuma dizer-me "É para os teus cafezinhos.". Esta é a minha mãe.
Depois conversa muito, conta como foi a sua semana, fala-nos da sua nova patroa, do meu pai, que tem saudades da mana e que começou a fazer um vestido novo.
Eu fico sentada no braço do sofá, com as pernas empoleiradas e ele mete-se ao meu lado, como que a aparar uma queda que ao acontecer é tudo menos grande, e vem o abraço, o abraço apertado. Sinto-lhe o peito, o mesmo que me alimentou durante quatro anos e meio. O peito que tantas vezes me confortou, o peito da minha mãe.
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