Parece que foi ontem.
Parece que foi ontem que nasci. E, curiosamente já vivi
tantos e tão poucos anos, tanto e tão pouco do que quero viver.
Houve uma noite em que adormeci criança, cheia de sonhos e o
estômago inundado de gelado “Carrossel” e acordei jovem estudante de
faculdade. Voltei a deitar-me, sonhei com uma profissão, uma sala de Cinema e
um lápis e acordei adulta, repleta de coisas para contar e sonhar.
Continuo adulta, mas sinto-me jovem, muito jovem. Porém, sei
que a vida passa a correr, que amanhã pode ser tarde e que ontem ainda era uma
menina que passava a tarde (se pudesse) a ter um friozinho na barriga enquanto
me empurrava a mim própria num baloiço enferrujado. Se fechar os olhos por uns
segundos ainda consigo ouvir o barulho do ferro a roçar na borracha das
dobradiças da estrutura envelhecida.
Não gosto de correr, nunca gostei. Prefiro andar, andar mais
depressa para poder apreciar a paisagem, mas também tenho medo de “deixar
passar”. Receios. Não podemos viver sem eles, mas também não podemos deixar que
ditem o percurso dos nossos passos.
A verdade? É que estou a adorar cada opção tomada, e para
grande surpresa deito-me adulta e acordo... adulta. Até um dia. Um dia que não
me assusta, porque quando lá chegar vou poder olhar para trás e exclamar “Isto
sim é viver”.
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