domingo, março 10, 2013

Aquele lugar



As suas mãos quentes, pequenas e macias procuravam as minhas mais velhas, mais vividas, mais frias. Os seus olhos ávidos de curiosidade pareciam querer falar-me. Mas os bebés não falam, pelo menos era o que eu pensava quando o segurei ao colo.
Ao pegá-lo, depressa me apercebi que havia algo de diferente, um peso mais leve que o normal apenas sentido por aqueles que pegam em bebés assim.
Olhei pela janela e vi a casa cor-de-rosa lá ao longe, a casa que sempre imagino, repleta de memórias impregnadas de vento e terra, História, se quiserem chamar-lhe. O bebé continuava ao meu colo, menina ou menino, não sei dizer. De repente, os seus olhos grandes e repletos de vida olharam-me e ele falou.... Tu não sabes quem és. E nada mais disse. Fiquei a olhá-lo, não estava muda pela surpresa, porque nos sonhos tudo é possível, e os bebés podem falar e chamar-nos à razão.
Mais do que pensar que devo estar a ensandecer, pensei que aquele bebé e aquela frase fazem sentido. Um bebé é sinal de rejuvenescimento , de vida, de novos começos, e muitas vezes procura-se num bebé um sentido para a vida. Quando já nada pode funcionar o bebé ele vai preencher o vazio, os silêncios e tudo aquilo que resultar menos bem. Este meu bebé pode significar algo completamente diferente, algo novo, arrebatador, o meu bebé não é chave para nada, nasceu para me mostrar que aquilo que sou continua a formar-se e que por mais que me leiam, só eu sei o pulsa cá dentro e só eu sei porque sonho tantas vezes o mesmo sonho, o sonho de encontrar aquele lugar em vida

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