Há rotinas que
devemos manter. Para quê deita-las fora se nos confortam e nos dão a sensação
de que o mundo por mais que mude continua a ser o mesmo. Porquê mudá-lo? Porquê
mudá-lo todo de uma só vez.
Tenho uma
amiga. Sim, tenho uma. Uma em particular. Uma amiga que me entende. Uma amiga
que não rouba espaço alheio. Uma amiga que não me faz perder tempo e que quando
não lhe apetece não se encontra comigo. E eu se não quiser ou não puder sei que
lhe posso dizer o que sinto e ela diz-me que se não nos virmos hoje, vemo-nos
amanhã ou depois. Sem pressa. O mundo não acaba amanhã e mesmo que acabe, nós
seremos as mesmas.
Tenho uma amiga
com quem poderia ir a mil e um lugares. Mas não vou. Podíamos provar mil e uma
iguarias mas preferimos sempre a torrada e o galão. Tenho uma amiga que me fala
da sua vida e que me faz ver que a riqueza da alma é um bem precioso.
Tenho uma amiga
com coragem de leoa e um coração forte e pleno que não se detém por um ou outro
intempérie. Tenho uma amiga que cai, que se levanta e que aprende com a queda
mais do que poderia imaginar. Essa amiga está à procura de um caminho. E não
estamos todos? Um caminho que a leve para um sítio que a deixe ser selvagem,
irracional e terrena.
Tenho uma amiga
que têm mil opiniões sobre os mais variados temas, e essas opiniões são muitas
vezes totalmente opostas às minhas, mas são a junção das nossas opiniões que
nos mostram que a verdade nem sempre é verdadeira e que estamos fartas do “esse
ponto pode ter dois pontos de vista" e as touradas dão muito que falar.
Tenho uma amiga
com quem me encontro num único sítio. Temos milhares de outras hipóteses, mas
escolhemos sempre o mesmo lugar e acredito que iremos lá parar pelo menos uma
vez por semana até termos 80 anos.
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