Pop.
É a palavra que encontro para descrever, mínima e pudicamente o filme de Danny Boyle.
127 horas é o filme sobre um homem só, encurralado pela mão que foi "ao encontro" de uma pedra, ou será que a pedra é que foi ter com a mão?
Tendo a solidão como condição Mr Boyle opta por realizar uma obra em que o espectador vê repleta de imagens de cor com multidões em contraste grosseiro com a condição do protagonista.
Mais que um jogo de cor, 127 horas é um objecto com função sensorial, melhor que nos transmite sensações, e porque o Cinema é isso mesmo.
Com poucas deslocações de câmera retemos tudo aquilo pelo qual Aron Ralston passa desde a privação de alimentos e água, a exposição à luz e calor de dia e frio (muito frio) de noite, às alucinações consequentes e os vários momentos de reflexão pelo qual o mesmo vai percebendo os seus limites, por vezes ilundindo-os mas sempre consciente de que se havia algo a fazer, teria que o fazer a só consigo mesmo.
James Franco é competente como em tudo o que faz, executa e bem o papel, algo difícil atendendo ao facto de se tratar de one man show, tal como era difícil para Tom Hanks em Castaway.
Normalmente a academia premeia sempre este tipo de trabalhos o que é fácil de compreender, o actor tem margem para "brilhar" tal como tem margem (e como tem) para se espalhar ao comprido como se diz por aí... James Frnaco brilha por estar só, por transparecer toda uma gama de sentimentos e angúsitas, medos e ansiedades pelos quais uma pessoa numa situação limite daquelas poderia trasmitir.
O actor já nos tem maravilhado com alguns desempenhos, desde James Dean, a prostituto Sonny no filme de Nicolas Cage, que na altura mereceu boas críticas, aqui trata-se de um grande papel, apenas ofuscado pelo filme em si e no modo como a História se desenvolve ao ritmo avassalador de imagens colocadas que dão descanso ao espectador, nem por isso ao actor. Basicamente Danny Boyle oferece ao espectador a oportunidade de respirar através de explosão de imagens, é a botija de ar que recebemos de bónus, de outro modo o filme era uma tortura e o tema central deixava se ser o desempenho do actor. Porque verdade seja dito, as pessoas gostam de sangue, e é sangue que querem ver neste filme, Danny Boyle dá a volta à questão!
A reter: o olhar de Franco, a banda sonoro forte, a montagem e fotografia, a visão e projecção inteligente do realizador.
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