Saudades da praia. Ai que lamento sonhador aquele que sonha com o sentir do primeiro toque da planta do pé em areia fina ou grossa, não importa. Ah que loucura prolongada de prazer pueril, o da frieza do mar que sobe pernas acima, congela o corpo, aviva a memória, e é mordaz no corte que faz na barriga que nos faz esquecer de repirar. A frieza que mesmo assim aquece todo um coração sedento de consolo salgado de amar.
E a criança ama tanto, vai adiante, sobe a montanha amorosa que só ela conhece, toma as rédeas da fera oceânica e sente o frio a sorrir e a gritar como que no "toque e foge". E enquanto criança é assim, depois cresce e tem medo de sentir a frieza do mar, diz "não consigo" e faz caretas, vai entrando devagar, devagar até molhar a cabeça naquele mergulho feito de coragem acobardada.
Sintamos mais uma e uma vez. Sintamos a água gelada e espumosa na pele macia e agora arenosa temperada ao Sol. Percamos o medo da Dor essa maldita criatura que só tem força se a quisermos alimentar.
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