Se eu permanecer e ficar igual a tudo aquilo que mudou, que quererá isso dizer?
Nem sempre é fácil fazer distinção entre coisas, entre mundos, entre pessoas.
Fácil é amar, sem questionar, seja o que for, seja quem for.
Lembro tudo como em caleidoscópio, uma plataforma a rodopiar entre súor e gestos ritmados, repetida noite após noite sem que tenha de acontecer. A mente é uma coisa extraordinária, capaz de nos libertar depois de nos enlouquecer. Que carcereira bondosa.
Peçam-me lucidez, dou-vos palavras desconexas, ideias transparentes e sorrisos ingénuos. Deixei a frieza lá atrás, segui em frente, levei-te comigo pela mão.
Como diz Oscar Wilde, o Amor é poderoso porque só se alimenta do puro, já o Ódio alimenta-se de qualquer coisa, daí ser tão fácil cair na tentação do Ódio, está mais à mão, e é gratuito.
Gosto de lá voltar. Ao início das coisas, naquele ponto cheio de novidade, em que tudo se alterou para sempre. Eu lembro diariamente, vejo sempre coisas novas, novos sinais, novos gestos e novas inglórias citações, citações minhas pois claro. Há que vender notícias.
O primeiro passo, o baixar do pescoço, a mão pesada, o corpo leve, a movimentação, a porta entreaberta, a luz na janela, o frio na rua, o frio de final de Janeiro, o quente daquele quarto, a interrupção, o grito mudo, a preocupação própria do momento. O mês de Maio e todos os que lhe seguiram. O saber que há mais algures e não querer procurar, o encontrar algo e pensar no que se perdeu. O mês de Dezembro. O recomeçar de onde se ficou, olhando sempre para trás, olhando sempre em frente. Retirá-lo do cofre e voltar a colocá-lo bem no centro de nós. A expressão, a revelação, o ir mais além, o sentir mais do que nunca. Estar vivo, sentir-se vivo, imaginar Vida. A animação de um sentimento descontroldamante quente, calculadamente agressivo, genuinamente amoroso, engrandecido pelo facto se encontrar no presente, pertencer ao passado e poder vir a ecoar no futuro.
1 comentário:
Pois direi ... ó valha-me deus !
love you
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