Parece que foi um sonho. Rápido, mágico e arrebatador. O dia amanheceu contigo e comigo juntos, de mãos dadas, como se fosse véspera de Natal.
Trocámos juras de amor, do nosso amor, e o nosso pequeno-almoço foi tomado com as nossas canecas, as nossas torradas, os nossos gatos, e os seus pêlos. Fui buscar o bouquet ao atelier improvisado na traseira de um carro e lá fui surpreendida mais uma vez. A brancura das flores escolhidas em contraste com o verde das suas folhas e com a fita de veludo azul que o prendia fizeram dele uma verdadeira jóia. A minha jóia.
Levei-o para casa e mostrei-to, sorriste-me em sinal de aceitação e até olhaste para o boutonniere com outros olhos, os olhos de quem muda de ideias. Despedimo-nos com a promessa de que nos voltaríamos a ver dali a umas horas, despedimo-nos com a certeza de que quando os nossos olhos se voltasse a cruzar, tu estarias de fato e eu de vestido, tu estarias à minha espera e eu iria em teu encontro. E assim foi.
Passei a tarde entre detalhes e preparativos, os cachos de cabelo agarrados e soltos, os saltos e a cauda. A gravação de momentos naquele quarto de hotel com vista para um jardim que parecia saído de um conto de fadas. E saí ao cair dos primeiros brilhos da noite, quando o céu esmorece e o seu azul quebra para dar lugar a um azul cinza que desabrocha num azul muito escuro. O azul do mar abençoou a nossa união e eu subi as escadas convicta de que o momento pelo qual esperámos tinha acabado de chegar.
E eu vi-te, do outro lado, a sorrir para mim e a dizer-me que eu estava linda com o olhar, eu fitei-te e sorri para que só tu soubesses que ver a tua cara naquele momento era o realizar de um desejo muito profundo, o nosso desejo cumprido. Abraçámo-nos e beijámo-nos, como nos filmes, sentámo-nos e ouvimos o discurso da nossa amiga que nos embaciou os olhos e apertou o coração. Ela terminou e foi como se um espartilho se abrisse para voltarmos a respirar.
Beijos e abraços, e deixei de te ver, tinhas desaparecido para te voltar a encontrar alguns minutos mais tarde. Nunca mais te larguei (ou pelo menos tentei), dançámos e flutuámos, trocámos olhares e dezlizámos pelo mármore frio do espaço escolhido.
Não poderia ter sido diferente, foi tudo o que quisemos e muito mais. Feliz por sermos assim, feliz por sabermos fazer as nossas escolhas, feliz por saber que temos algo difícil de ter e que é fácil para nós. Lemos juntos o nosso livro, um último beijo e um último deitar.
Somos felizes, a felicidade não é um momento, a felicidade é um mar de dias.
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