Silêncio na casa. Final de tarde, de calor e sombra. Os únicos
sons que distingo são os dos pássaros a voar lá fora e o das ambulâncias. Som
esse que entra na casa pela fresta da janela. Dentro de casa, um único som. O
do silêncio confrontado com o bater dos meus dedos no teclado do computador.
Paz. Será esta a sensação? A garrafa de água está apenas
meio bebida, da laranja que lanchei apenas resta a casca depositada finamente
no pires deixado em cima da mesa.
O final de tarde é ainda marcado não só pelos sons quem vêm
lá de fora como de um pequeno fio de vento que teima em entrar e beijar-me o
braço direito. Chamemos-lhe brisa. Chamemos-lhe paz.
Gostava de perceber o que é. O tempo passa e cada vez
compreendo menos algumas situações com as quais sou confrontada. "É a vida". Felizmente
tenho o resto para me alegrar e me fazer sentir que essa vida merece ser honrada. Tenho um peito cheio de
amor capaz de chorar de felicidade. Para já, não preciso de mais nada. Enquanto
assim estiver. Não preciso de mais nada.
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