Depois de algumas obras menos conseguidas, pelo menos comparativamente a muitas outras até Matchpoint, o seu Cinema volta a ganhar fôlego.
Midnight in Paris é um filme fascinante, engenhoso e um capricho delirante.
Para quem aprecia Artes plásticas e Literatura tem com este filme a oportunidade de rir e imaginar ( e porque não, sonhar) com os nomes mais altos, as recriações mais "recaricaturadas" de Picasso, Dalí, Fitzgerald, entre muitos outros.
A premissa é simples, uma cidade europeia convidativa, um protagonista que interpreta o papel de Woody Allen, uma namorada rica e fútil, e uma oportunidade de escapar desta realidade e entrar noutra época nunca largando a cidade que o fascina.
Se os actores estão todos bem? Estão. Woody Allen preocupa-se pouco com eles, parece que o imagino a dizer coisas como "Do your thing", a verdade é esta, Woody sabe quem eles são, foi ele quem os escolheu, não precisa de muito mais para dar seguimento ao que quer que seja.
Paris é filmada do ponto de vista mais romântico possível, é a cidade das luzes, da Arte, dos copos reluzentes, do vinho inebriante, da chuva que apaixona o herói da história.
Papel de fundo para deixar fluir um argumento que tem tanto de louco como de realista.
Desta vez, o realizador pede auxílio a Existencialistas, Surrealistas, Naturalistas, e Românticos, todos juntos com a mesma intenção: dar à Vida algo que ela perdeu, tal como uma mulher perde uma batom na mala. Gil, a personagem de Owen Wilson, precisa de encontrar um rumo, tanto para a sua vida pessoal, como para o seu percurso artístico.
Todos nós parecemos querer fugir da vida que temos, é mais fácil rejeitar o que se tem e imaginar como terá sido, é difícil deixar-se ir pelo que existe e simplificar. Por isso, nada melhor que fugir para outra era, ou melhor para uma era como imaginamos que tenha sido, porque imaginamos sempre uma vida no passado, quando as coisas ainda não tinham sido descobertas, quando ainda não tínhamos sofrido,
Sem revelar muito da história, é isso que acontece, são fugas à meia-noite que culminam com uma epifania (como em todos os filme deste realizador).
Manhattan, Barcelona, Londres, Paris... teremos de apelar a Woody que comece a rodar um filme em Lisboa, a nossa cidade terá certamente um encanto muito próprio que espelhe os múltiplos problemas de um novo protagonista deste grande realizador.
Midnight in Paris é ainda daqueles bom filmes, que têm mais significado nas entrelinhas, na aceitação do dia-a-dia, parece algo simples de ser imaginado, mas simples é tudo o que não é. Se as pessoas fossem todas simples, Woody Allen não seria realizador de cinema.
Bravo Woody. Estamos ansioso pelo que ainda está para vir.
Sem comentários:
Enviar um comentário