domingo, outubro 24, 2010

Embalada

...pelo som da melodia feita batida do meu coração, coração que é meu, meu e de mais ninguém. Pensamento livre, livre como o pássaro que voa sem destino, sem estação de ano, sem vento, sem fome, pássaro que voa porque quer voar, porque tem asas e porque pode voar.
Apoderar-me da fome que se transforma em calor e que mata o frio no peito sedento de novo sangue. Sem muito fazer, a não ser tudo aquilo que me parecia mais coerente com o sentimento acorrentado à vontade de não despir a minha alma, porque sem ela nada seria...prossigo.
Consciente de que tudo em meu redor, nunca é presente, o presente é um instante que no final desta frase já terminou. Vivo o passado como quem atravessa um corredor remodelado pelas memórias da minha mente, estantes de conhecimento, de lágrimas e sorrisos, pilares de harmonias, de súores frios, de línguas quentes, quadros pintados a aguarela, lágrimas que não chorei, planta que não cresceu, sorte que tive em perder, porque ao perder sei que ganhei.
Que chegue o futuro no final da próxima frase, momento prestes a ecoar por entre cortinas, como as ondas do mar que recortam as rochas duras, cinzentas e em mudança eterna. Sejamos essas rochas, vivamos em constante mudança como elas, deixemos para trás as pégadas na areia que o mar tratará de desfazer, abracemos o céu estrelado, o beijo do sol ao mar pela manhã, o início do dia, do dia da nossa vida.
Da minha vida.

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