Esta noite estou sozinha.
É estranho. Dou por mim a achar que ainda é cedo para estar sozinha, como se o tempo tivesse alguma coisa a ver com isto, e como se o ponteiro me contasse ao ouvido algo mais que as horas.
Sinto-me alterada, o silêncio incomoda-me porque não há risos que não os meus, não há o cheiro e o toque aos quais me tenho vindo a habituar sem esforço algum. Não há, e eu queria. Porém consigo escutar o arrepio, não o sinto de momento, mas escuto-o.
Pareço uma criança mimada a quem foi roubado um doce, e eu mulher menina sem doce acho-me meio perdida no quarto escuro porque fui posta de castigo.
A parte mais poética de tudo isto é que não há mal nenhum em sentir o que escrevo, mal nenhum porque estás-me nos dedos.
A parte mais luminosa de tudo isto é que estes dias mostram-nos que os outros foram tão bons e que muitos outros virão.
A parte gloriosa de tudo isto é que damos aquilo que queremos e não aquilo que podemos e se assim for é porque está tudo bem.
A parte verdadeira de tudo isto é que foi bom, muito bom, e há algo ainda melhor por descobrir!
A parte encantada de tudo isto é que hoje adormeço ao som de uma voz que não está a meu lado.
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