Desta vez é diferente. Digo-o e repito-o vezes sem conta a mim mesma. Da primeira vez foi novidade. A segunda deveu-se à saudade. A terceira considero um "tira teimas". Só pode ser isso. Não há nada que una as linhas desta esfera desenhada no papel já ardido. A noite já não era nova, o chão estava para lá de frio e senti-o com os meus pés decalços, e a casa escura aguardava a sombra pesada. Definiu-se um sorriso nos meus lábios aquando da sua aparição. Sabendo do erro, do equívoco e tendo o poder de a fazer desaparecer, decidi recebê-la de braços abertos. Num aperto sôfrego, os corpos flutuaram pelo espaço envolvente, descobrindo o que já conheciam, aventurando-se por entre aquilo que o tempo recente havia tentado apagar. Acabou tal como começou. Não foi recordar, não foi reviver, não foi amar. Os dias passaram, e passam sempre. A vida seguiu o rumo. Os estranhos continuaram a estranhar-se regularmente. Novos projectos, novas caminhadas, novos programas, novos desentendimentos, novos procedimentos, novo mês, e pensar "não me estás na cabeça". Vazio? Nem por isso, preenchimento total. Novo aproximamento, "porque não?". Porque sim manifesto. Que fazer ao corpo se já não tem alma? Faz-se uma opção. Optar às vezes custa, no meu caso nem tanto. Opto deliberadamente. Vejo o único monte no meio do nada e embato nele com agrado. Sei o que quero, o que preciso, o que gosto. Há também um penhasco bem frente a mim, antevejo a queda, já me sinto a flutuar, mas ainda não sinto a dor do choque. Quando o sentir será terrestre e audível. Já comecei a preparar o terreno. Todos nós sabemos que nos vamos magoar, até lá é aproveitar ao máximo a adrenalina da queda! É bom quando volta a ter e poder fazer o que se quer. A sombra pesada é assim.
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