Tenho uma família bonita!
Nem sempre noto, mas também nem sempre noto o Sol que está sempre lá, pode não brilhar, mas está lá a olhar especado para mim.
Voltando aos laços familiares, tenho passado uns dias catitas na sua companhia, achei que me iria custar mas não. É a minha casa, o cheiro, as paredes esgravatadas pelas tentativas da dona Lurdes de colocar estrategicamente os quadros de sempre, nas paredes que já foram suas, de outros e que voltaram a dar-lhe corpo para pregar prego.
Em casa há o quarto pequenino cor de rosa, numa parede há um quadro meu, no outro fotografias em molduras e pinturas que fiz noutros tempos, na outra parede há estantes de livros que já li a todos e na outra um grande armário que nunca consegue abrigar toda a minha roupa...não sei como consigo ter tanta roupa..
Passando ao corredor, dirijo-me à varanda fechada, está lá o Leão, essa coisa dócil que um dia me dilacerará o coração, coração que só tenho um! Afago-lhe o focinho terno e olho-o nos olhos, ele parece fugir ao olhar, parece querer ignorar-me até..eu prossigo, baixo o movimento da mão e sinto-lhe o pescoço quente, com aquela coisa que não o larga, que não sai e que não passa com o tempo. Estou sempre à espera que da próxima vez não esteja lá. Levanto-me e faço caretas e sorrisos à piriquita e aos canários e ele insurge-se qual filho ciumento dos manos mais novos e mais carentes...e eu fico mais calma, "ele ainda cá está"!
Ontem depois de jantar, estava eu sentada à mesa o meu pai passou por mim e mexeu-me nos cabelos, não disse nada. Ele é assim. E eu lembrei que podia escrever no blogue sobre isso.
Hoje apeteceu-me tomar o pequeno almoço numa pastelaria com a minha mãe, um acto tipicamente português e aldeão..lá fomos. Eu contei-lhe, ela disse "tenho pena"...mas que fazer? Depois rematou com "filha podes aprender a bordar", ela é tão simples, tenho uma família mesmo bonita. Bem e agora vou terminar de fazer o que estava a fazer e recordar-me da minha família! Sou uma sortuda.
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