E porque tudo o que vejo, vejo como nos filmes. E porque tudo o que fazemos e sentimos pode ser recordado nas asas de um caleidoscópio em pleno movimento. Se há "acção" eu revelo por aqui.
domingo, abril 26, 2009
Permanecer
Por um fio.
Como da outra vez.
Como da outra vez o
“ainda” e o “para vir” fizeram-me gelar.
Suór para fora, queimadura interna
Ver o mundo a desmoronar-se que nem papel fotográfico a arder.
Regressar é possível, renascer também, mas apenas com responsabilidade se adquire Liberdade, e eu quero ser Livre.
Vem.
Sem avisar.
Vem: Sem avisar .
Vem.
Perder o mundo para ganhar o Universo.
Ceder um momento para vislumbrar a Eternidade.
Seguir em frente, sempre em frente, tão mais longe quanto possível.
Seguir até perder de vista o que de mal aconteceu e fazer dele uma passagem secreta, escondida e esquecida.
Seguir em frente, lembrar o beijo fraco, a conversa longa, o sentir do vulcão na nuca, as festas ternas, demoradas e caprichosas.
Permancer enquanto vibram os sentidos, a chama volta a atear, a fotografia é recuperada.
Quase que por milagre. Milagre.
Permanecer enquanto a coxa é sentida com força, as pernas encaminham-nos para a penumbra, o exterior é contemplado por um momento quase de forma pueril.
Permancer enquanto em movimento, o sussurro sôfrego, as palavras mudas escritas a
caneta invisível que imprime desejos, vontades, palavras, palavrões, sabores e aromas.
Permanecer enquanto o pescoço é mordido, o arrepio contemplado, o grito amordaçado pelo peso do corpo, o vai vém das sensações, as sensações feitas sentimentos.
Permanecer enquanto a coragem não se esvai.
Permanecer porque a boca é viva e sábia, conhecedora e sedutora, porque prova, peca e roga por mais.
Permancer porque quando um parte, o outro chega, um chega para partir o outro e assim ficamos noite fora, entre a chegada de um e a partida do outro.
Permanecer porque o abraço cansado é mais forte, os braços fazem-me cativeira e o carcereiro arrependeu-se.
Permanecer porque as mãos buscam os dedos e o laço entre eles, terno e eterno. Paz apaziguada.
Permancer porque ele pede “não tentes os meus desejos” e ela “não tento eu outra coisa”.
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